Swissleaks-Brasil: Escândalo! Barões da Mídia e Grã-finos na lista
Otávio Frias, que fundou a a Folha de S. Paulo
Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes
Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, do Globo
José Roberto Guzzo, colunista e membro do conselho editorial da Abril
Ratinho, apresentador do SBT,
Mona Dorf, jornalista que atua na Joven Pan ao lado de Reinaldo Azevedo
Swissleaks fisga barões da mídia e jornalistas
O escândalo Swissleaks, das contas numeradas secretas mantidas na Suíça, fisgou alguns dos mais poderosos barões da mídia brasileira, assim como influentes jornalistas da imprensa nacional.
Na lista vazada por Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC, estão nomes poderosos como Otávio Frias, fundador já falecido da Folha de S. Paulo, e João Jorge Saad, o Johnny Saad, dono do grupo Bandeirantes – ambos tinham contas zeradas em 2007, ano dos registros obtidos por Falciani.
A conta de Otávio Frias, depois, passou a apontar seu filho Luís Frias, um dos donos do Uol, como beneficiário.
Outro personagem curioso que aparece na lista é José Roberto Guzzo, ex-diretor de Veja e Exame e hoje conselheiro editorial da Abril, além de um dos colunistas mais mal-humorados da imprensa brasileira.
A lista também fisgou Carlos Massa, o Ratinho, do SBT, com US$ 12,4 milhões, e Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, da Globo, com US$ 750,2 mil.
A maior soma na lista é a de Aloysio de Andrade Faria, dono da Rede Transamérica, com US$ 120,5 milhões. Depois dele, aparecem Yolanda Queiroz, Lenise Queiroz Rocha, Paula Frota Queiroz e Edson Queiroz Filho, do grupo Verdes Mares, afiliado da Globo no Ceará, com US$ 83,9 milhões. Fernando João Pereira dos Santos, da Rádio Tribuna, do Espírito Santo, mantinha US$ 9,9 milhões.
Além deles, aparece ainda Luiz Fernando Levy, que quebrou a Gazeta Mercantil, deixando um rastro de dívidas tributárias e trabalhistas.
Entre os jornalistas assalariados, além de Guzzo, destaque para Mona Dorf, que apresenta um programa na Joven Pan ao lado de Reinaldo Azevedo, com US$ 310 mil. Arnaldo Bloch, colunista do Globo, também foi correntista do HSBC de Genebra, assim como a família Dines, que, à época manteve US$ 1,3 milhão no banco suíço.
Todos os personagens citados alegam manter contas regulares e declaradas – o que deve ser verificado pela Receita Federal. A divulgação da lista de barões da mídia, no entanto, coloca em xeque o trabalho de Fernando Rodrigues, jornalista do Uol que foi escolhido pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos para receber o material.
Não foi Rodrigues quem divulgou o nome de seu patrão, Luís Frias, mas sim os repórteres Chico Otávio, Cristina Tartáguila e Ruben Berta, do jornal O Globo.
‘Mídia já fez sua defesa prévia’
Diante da iminência do repasse da lista completa ao governo brasileiro pelo Fisco francês a estratégia prévia de defesa dos “barões da mídia é divulgar pelo Uol e O Globo os nomes dos tranbiqueiros
Realle Palazzo-Martini
A divulgação pelo portal Uol e pelo jornal O Globo de que proprietários de importantes veículos de comunicação e jornalistas brasileiros mantiveram contas secretas no Banco HSBC na Suíça atende a uma estratégia prévia de defesa dos “barões da mídia”.
Foi o que sustentou ao Brasil247 neste sábado (14) o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). O surgimento dos nomes acontece menos de uma semana após a Embaixada da França firmar compromisso com o governo brasileiro para repassar a lista completa dos 8.667 brasileiros relacionados no escândalo.
A notícia veiculada no Uol e em O Globo é sintomática, avalia Pimenta. Segundo ele, a pressão da sociedade, por meio das redes sociais, pela revelação dos brasileiros relacionados no escândalo precipitou o surgimento dos nomes dos empresários da mídia.
“Não parece um paradoxo que o jornalista Fernando Rodrigues tenha convidado justamente O Globo para auxiliar na pesquisa dos dados do Swissleaks?” questiona.
Rodrigues, que trabalha no Uol, tem exclusividade de acesso aos dados das contas secretas no HSBC divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.
Na reportagem deste sábado de Uol e O Globo, surgiram nomes como Otavio Frias, do Grupo Folha, que controla o Uol. E também Lily Marinho, falecida em 2011, ex-mulher do fundador das Organizações Globo, Roberto Marinho (também já morto). Há ainda nomes como o do apresentador Ratinho, do SBT, Jhonny Saad, do Grupo Bandeirantes, e de José Roberto Guzzo, colunista e membro do conselho editorial da Abril (leia mais aqui).
”Não podemos aceitar essa seletividade filtrada por Uol e Globo”, critica Pimenta. “Essa reportagem só confirma nossa denúncia de vazamento seletivo de modo a conduzir a opinião pública numa direção específica”, reforça.
Privatizações
O deputado Paulo Pimenta já encaminhou requerimentos ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República (mais aqui) pedindo ações para investigar eventuais crimes na remessa de dinheiro para o HSBC suíço. Também esteve no Banco Central e com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. Nesta semana, em reunião com o ministro José Edardo Cardozo, Pimenta recebeu a informação de que estão adiantadas as tratativas com o Embaixada da França para que o Fisco daquele país, depositário institucional das informações do consórcio de jornalistas, entregue todos os dados às autoridades nacionais.
O gaúcho lembra que países como a própria França, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Argentina e Austrália já conseguiram repatriar US$ 1,360 bilhão das contas secretas do HSBC em razão de movimentações irregulares.
Pimenta pondera que nem todas as contas podem ser consideradas ilegais. Mas sustenta que o histórico do dinheiro que chegou às contas do banco suíço pode levar ao crime original, como já revelado em casos envolvendo contraventores e traficantes de drogas.
O deputado petista tem interesse especial em por a lupa sobre possíveis personagens envolvidos nas privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entre os anos de 1997 e 2001. “Tenho convicção de que esta investigação vai nos permitir fazer o caminho inverso ao dinheiro e resgatar um periodo importante da vida pública nacional que até hoje permanece nos subterrâneos”, acredita.
Pimenta também mantem contatos frequentes com o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), artífice da CPI do HSBC (ou CPI do Swissleaks), instalada no Senado pelo presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Os líderes dos partidos já indicaram representantes. O deputado acha que a comissão pode jogar luz em muitos casos envolvendo evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.