Para já, enfermeiros e função pública na rua
Como se sabia, o Orçamento de Estado do PS foi aprovado na generalidade devido à abstenção do PSD e CDS. Sem surpresa vimos estas orientações do governo confirmadas com o PEC – Plano de Estabilização e Crescimento Económico – e ficámos a saber que até 2013 não vai haver aumentos salariais e que as pensões sociais vão sofrer cortes por via do agravamento fiscal, e que reformas só aos 65 anos. Em resultado, os trabalhadores inquietam-se e começam as surgir manifestações de descontentamento, ainda que mantidas em lume brando pelos sindicatos e partidos de esquerda.
Em Janeiro os enfermeiros paralisaram em massa durante três dias, tendo realizado no último dia de greve uma manifestação em que participaram mais de 15 mil profissionais da saúde, número muito significativo e condizente com a forte adesão à greve. A 5 de Fevereiro foi a vez de a administração pública se manifestar conta o congelamento dos salários, a degradação das condições de trabalho, os cortes nas reformas e a falta de progressão nas carreiras. A baixa lisboeta foi palco de uma manifestação convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, com 50 mil participantes a desfilar até ao Ministério das Finanças para protestar contra o congelamento salarial. Seguiram-se os paramédicos do INEM e estão anunciadas novas paralisações dos ferroviários, função pública, administração local, pilotos da TAP, etc. Este fim-de-semana é a vez dos jovens trabalhadores manifestarem o seu descontentamento face à situação de precariedade em que são obrigados a sobrevir e às intenções do governo em fazer os pobres pagar a crise.
Confrontado com o descontentamento dos funcionários públicos, o governo, pela voz do secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, debitou a habitual cassete: compreende o descontentamento dos funcionários públicos quanto ao congelamento salarial, mas lamenta que a Frente Comum tenha um discurso "passadista, retrógrado e conservador". Afinado no mesmo tom, o administrador da TAP diz que as greves são coisa do século passado.
Ou seja, moderno é os trabalhadores comerem e calarem.