Monti renuncia: ¿Se enfrentará a Berlusconi?
Fuente: BE Internacional
Depois de há duas semanas ter anunciado que, uma vez aprovado o orçamento, se demitiria, Mario Monti cumpriu a promessa na sexta-feira. A sua decisão resulta, porém, do facto de conforme foi declarado no passado dia 8 pelo berlusconiano Polo da Liberdade (direita e extrema direita), a seguir ao orçamento o governo ficaria sem o seu apoio parlamentar.
Monti anunciou a demissão mal terminou a votação do orçamento mas marcou para domingo de manhã uma comunicação em Roma na qual se presume venha a anunciar a sua entrada na política do país depois de ter sido anteriormente comissário europeu em Bruxelas.
Desconhece-se ainda de que modo o primeiro ministro demissionário entrará no cenário partidário, no qual muito provavelmente terá que se defrontar com Silvio Berlusconi, de regresso às atividades políticas.
«Volto porque a Itália precisa de mim», afirmou Berlusconi qualificando Monti como «um pequeno protagonista da política» e assumindo uma postura que contraria o tradicional alinhamento com a linha Merkel e de austeridade dominante nas instituições europeias.
A candidatura de Monti é, por isso, uma necessidade da chanceler alemã, sendo que o chefe de governo demissionário conta ainda com os apoios de praticamente todos os governos da União Europeia, do Vaticano, de Barack Obama e da Goldman Sachs, a instituição de que foi consultor mesmo enquanto desempenhava funções de comissário europeu e que está por detrás da política financeira europeia.
Se ingressar na luta política do seu país Monti negará uma declaração anterior sua, proferida quando foi designado sem ser eleito pelo presidente Giorgio Napolitano e segundo a qual o seu mandato terminaria em 2013 uma vez que «não quero continuar a ser primeiro ministro».
A frase tornou-se falsa a não ser que a estratégia de Monti passe pela substituição do próprio Napolitano como chefe de Estado. Nessa posição, porém, e de acordo com o figurino político italiano, Mario Monti não teria a capacidade de manobra desejada por Merkel, Dragui, Barroso e todas as cúpulas europeias para fazer aplicar a política de crueldade social que colocou a situação italiana a par de outras de desastre como Grécia, Portugal e Espanha.
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