
Escândalo na burguesia paulistana:Dr. Abdelmassih, o Estrupador
Para uma reportagem no Domingo Espetacular, da Record, entrevistei mulheres estupradas pelo Dr.Monstro.
Todas elas bateram na porta do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, o Cremesp, para denunciá-lo.
. Eram recebidas não como vítimas, mas como quase-criminosas.
. Uma delas mereceu a seguinte pergunta de uma médica a serviço do Cremesp: ele (o Dr Roger, o estuprador) ligou para a senhora no fixo ou no celular ?
. Na comunidade dos médicos de São Paulo, muitos sabiam que o Dr Roger estuprava pacientes.
. Uma entrevistada me contou que foi a outro médico e ao narrar os crimes do Dr Roger, foi recebida com uma reação de naturalidade e frieza.
. Ora, todo mundo sabe disso, disse o novo médico.
. Quer dizer, os médicos de São Paulo são responsáveis, pela omissão, por crimes que o Dr Roger cometeu, pelo menos, ao longo dos últimos quinze anos.
. Há quinze anos, uma das vítimas, ***Vanuzia Leite Lopes, contou tudo ao Cremesp.
. Outra paciente, chamada de Cristina, foi ao Cremesp em 1998.
. E o Dr Roger, impune, a estuprar mulheres dopadas e a atacar mulheres não dopadas.
. Agora, com a casa arrombada, quando a opinião pública já sabia dos estupros, o Cremesp se sentiu na obrigação de suspender o direito de o Dr Roger continuar a estuprar.
. O Ministério Público arrolou como testemunha – o crime está prescrito – uma jovem que, em Campinas, no início da carreira dele, em 1970, chegou com dores nos rins.
. Ele era residente de Urologia.
 
. Ele enfiou um tubo na vagina da jovem. Por que ?
 
. Percebeu que ela era virgem.
 
. E perguntou quanto ela queria para que ele pudesse deflorá-la.
 
. O Ministério Público bem que poderia ter uma conversinha com o Cremesp.
. O Cremesp está ali para ajudar os pacientes, ou acobertar crimes ? – pergunta elementar.
. O Dr Roger fazia o que fazia porque contava com a impunidade.
 
. Ele era o médico das estrelas, o médico “Revista Caras”.
 
. Segundo vítimas que entrevistei, não tinha nada de louco ou tarado.
 
. Era um homem normal, dos nossos tempos (*): que gosta de dinheiro e mulheres.
 
. Às mulheres constrangidas, ele dizia: você deve se sentir honrada por eu me interessar por você.
 
. E se dizia enviado por Deus.
. Assim que recebeu ordem de prisão, o Dr Roger correu para o banheiro: teve um desarranjo intestinal.
 
. Foi preso no banheiro de seu gabinete, com as calças na mão.
 
. A primeira reação que teve, ao entrar no carro da Polícia, foi dizer: “perdi a minha clínica”.
 
. Era um empresário.
 
. Bem sucedido.
 
. Que contava com a omissão da sociedade.
 
. Do Cremesp, por exemplo.
 
Paulo Henrique Amorim
(*)Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.
Nota complementar:
A estilista Vanuzia Leite Lopes, 49***, procurou as três entidades para acusar o médico, no fim de 1993. Para ela, caso sua denúncia tivesse sido investigada com rigor, o médico não teria feito novas vítimas.
A paciente conta que, em 1993, procurou o médico para tentar engravidar. Pagou cerca de R$ 150 mil (o dinheiro estava reservado para a compra de um apartamento na praia). Hoje, diz enfrentar graves consequências físicas e psicológicas pelo abuso que diz ter sofrido.
O Dr Estrupador Abdelmassih é um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país e está preso desde o último dia 17, quando o juiz Bruno Paes Stranforini, da 16ª Vara Criminal de São Paulo, aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público e decretou a prisão preventiva.
O médico foi denunciado (acusado formalmente) pela Promotoria no dia 13 de agosto sob acusação de 56 estupros. A denúncia foi feita com base em legislação que passou a vigorar no último dia 7, segundo a qual o antigo «ato libidinoso» passa a ser considerado como «estupro». Pela legislação anterior, seriam 53 atentados violentos ao pudor (atos libidinosos) e três estupros (quando há conjunção carnal).
Na última segunda-feira (24), o STF (Supremo Tribunal Federal) negou o pedido de liberdade ao médico. Antes, o mesmo pedido tinha sido negado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e pela Justiça paulista.