Brasil. Sumiram até os patos da Fiesp de Paulo Skaf
Ricardo Kotscho
Desconhece-se o paradeiro dos bichinhos depois que o nome do seu criador apareceu na nova Lista de Janot, acusado de receber R$ 6 milhões em Caixa 2 da Odebrecht, na campanha pelo governo paulista em 2014.
Skaf tinha soltado os patos em setembro de 2015 como símbolos da campanha liderada pela Fiesp contra o aumento de impostos, que não aconteceu, no governo de Dilma Rousseff,
Pois agora, justamente na semana em que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anuncia aumento de impostos para cobrir o rombo fiscal, os patos sumiram de cena.
Sumiram não só os patos como também os manifestantes dos protestos, agora a favor da Lava Jato e contra a «reforma política», convocados no último domingo pelos mesmos movimentos que inundaram as ruas do país durante o processo de impeachment.
Alguns paneleiros vestidos de camisas amarelas da seleção voltaram à Paulista, mas não conseguiram atrair gente suficiente para preencher sequer os espaços do quarteirão em frente ao Masp, ponto central da manifestação.
Foi um retumbante fracasso em todo o país. Os milhões de manifestantes do ano passado se transformaram em centenas de gatos pingados nas principais capitais do país _ não mais que 300 pessoas no Rio e 500 em Brasília.
Em São Paulo, desta vez, o Datafolha e a PM não divulgaram números, mas pelas imagens dava para ver que havia umas dez vezes menos gente na Paulista do que na manifestação das oposições, no dia 15 de março, contra as reformas do governo.
Sumiram também os políticos. No carro de som do Vem pra Rua, o único que apareceu foi o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), acompanhado dos artistas Regina Duarte e Alexandre Frota.
No vazio deixado pelos manifestantes na avenida, ganharam destaque os blocos que defendiam a volta dos militares, mas Jair Bolsonaro não foi visto desta vez.
Ao explicar o fracasso de público, o líder do movimento, empresário Rogério Chequer, disse que «a gravidade do momento hoje é tão grande quanto era um ano atrás. Mas os riscos agora não estão tão explícitos». Quais seriam?
Os tempos mudaram, de fato. No ano passado, o coordenador do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, apresentava-se como «apolítico», mas agora já está pensando em lançar 15 candidatos a deputado nas próximas eleições.
Para ele, «agora as pautas são diferentes, mais diversificadas. O impeachment mobilizava mais porque as pessoas estavam fazendo parte da história».
De fato, o cardápio dos manifestantes de domingo era bem variado: além de defenderem a Lava Jato de Sergio Moro, protestaram contra o voto em lista fechada e a anistia para o caixa dois, principais objetivos da «reforma política».
Diante do fiasco, não foi marcada nova manifestação.
Vida que segue.
Fotoarte: «Paulo Nariz Skaf
*Política, cultura, esporte, histórias da vida real: no blog Balaio do Kotscho, cabe qualquer assunto. Paulista, paulistano e são-paulino, Ricardo Kotscho, 68, é repórter desde 1964 e já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira em diferentes cargos e funções, de estagiário a diretor de redação. É atualmente comentarista político do Jornal da Record News e blogueiro do R7 desde 2011.