Brasil. Quem deu ordem para divulgar vídeo em defesa do golpe de 1964? [Vídeo]
Enquanto a Secretaria de Comunicação da Presidência recusa-se a dizer de onde partiu a ordem para a divulgação de um vídeo pró-ditadura por uma rede social do Palácio do Planalto, o presidente em exercício Hamilton Mourão esclareceu: a ordem partiu de Bolsonaro. O vídeo foi divulgado no domingo, no dia em que o golpe militar de 31 de março de 1964 completou 55 anos.
«Decisão do presidente. Foi divulgado pelo Planalto, é decisão do presidente», disse general, segundo relato do jornal O Globo.
No vídeo, o interlocutor afirma: «se você tem a mesma idade que eu, um pouco mais, um pouco menos, sabe que houve um tempo em que nosso céu de repente não tinha mais estrelas que outros. Era assim, um tempo de medo e ameaças. Ameaças daquilo que os comunistas faziam onde era imposto, sem exceção. Prendiam e matavam seus compatriotas».
«O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história», diz o senhor no vídeo. Com quase dois minutos, o material não tem um selo indicando sua origem e termina com a mensagem de que os militares não querem «palmas nem homenagens». «O Exército apenas cumpriu o seu papel», diz.
Muro das Lamentações
Jair Bolsonaro visitou na segunda-feira (1º) o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Os ruralistas, no entanto, é que devem lamentar a posição do chefe do Planalto, que, ao anunciar um escritório no local, comprou briga com palestinos, que revindicam um estado na região e podem retaliar o Brasil ao dificultarem as exportações do País para nações árabes.
Tradicionalmente, chefes de Estado visitam o Muro sem a presença de autoridades israelenses, para manter equidistância em relação ao conflito israelo-palestino, pois o Muro das Lamentações está localizado no interior da Cidade Velha, parte oriental de Jerusalém, que é reivindicada pelos palestinos como capital de seu futuro Estado.
Atualmente, a região está sob ocupação de Israel. Há um ano, quando esteve no país, o presidente norte-americano, Donald Trump, também visitou o Muro, porém sem autoridades israelenses na comitiva. No começo de maio, no entanto, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, esteve no local ao lado de Netanyahu, o que pode ser interpretado como endosso à alegação israelense de que Jerusalém é sua «capital única e indivisível». Trata-se de uma ação política da extrema-direita, sob a capa religiosa.
A Autoridade Palestina anunciou que chamará de volta o embaixador no Brasil para fazer consultas e estudar uma resposta.
Quando foi eleito, Bolsonaro disse que mudaria a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital do Estado que pretendem constituir.
A integrante do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Hanan Ashrawi considerou «totalmente inaceitável» o resultado da visita de Bolsonaro a Israel. Seu relato foi publicado da DW Brasil, via Opera Mundi.
«Jerusalém Oriental é território palestino ocupado», declarou Ashrawi, condenando especialmente o fato de o gabinete de Bolsonaro mencionar sua visita ao Santo Sepulcro como parte da sua estadia em Israel.
Fotoarte: “ Mourão espreita , Bolsonaro reza”
Vídeo: Governo envia vídeo em defesa do golpe de 1964
.