Brasil. O monstro chamado Google e o alerta de Assange [Vídeo]
Há sete anos, quando lançou a versão em português de dois dos seus livros, o fundador do Wikileaks gravou vídeos para seus leitores brasileiros que hoje são alertas a serem relembrados.
‘Vocês precisam resistir! Vocês podem resistir!» Com estes gritos, Julian Assange, fundador e editor-chefe do WikiLeaks, era removido à força, semana passada, da embaixada equatoriana em Londres, onde vivia asilado desde 2012. Seu destino ainda é incerto, mas, para o filósofo esloveno Slavoj Zizek, »só nós, as pessoas, podemos ajudar Assange agora».
Somando esforços na campanha pela liberdade de Assange, a Boitempo, sua editora oficial no Brasil, liberou o download gratuito dos e-books de Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet (2013) e Quando o Google encontrou o WikiLeaks, de 2015.
Este, abaixo, é um trecho do prefácio de Assange ao seu livro Quando o Google encontrou o Wikileaks:
»É bem verdade que o Google não é a única empresa que deixa de praticar o lema ‘Não seja mau‘. No entanto, apesar de o Facebook e outras empresas merecerem as próprias críticas, o Google exemplifica os terríveis perigos da internet corporativa».
»Desde muito cedo, seus fundadores perceberam que o processamento de informações em grande escala os colocaria no centro de tudo. A missão ideológica do Google sempre foi devorar dados só por devorar dados. Essa missão e o considerável nível de genialidade aplicado em sua execução deram imensas vantagens estratégicas para a empresa».
»Hoje em dia, o Google tem seus tentáculos sobre todas as mais importantes fontes de dados de usuários individuais da internet que a empresa consegue agarrar».
»Desde 2013, as ambições da empresa e de seus líderes assumiram uma grandiosidade delirante e, mesmo assim, muitas dessas ambições estão, considerando o estado atual da tecnologia, ao alcance do Google, dentro dos limites das possibilidades. O Google se transformou na dissimulada potência hegemônica da internet comercial».
Quem quiser ler o livro de Assange pode baixar um exemplar em uma destas livrarias: Amazon, GooglePlay, Apple, Kobo e Livraria Cultura. E também o e-book de Quando o Google encontrou o WikiLeaks.
Por ocasião do lançamento deCypherpunks: liberdade e o futuro da internet, Assange gravou um vídeo especial para os seus leitores brasileiros, explicando a premissa e a urgência do livro. E nele Assange ressaltou: »Este livro não é um manifesto. Não há tempo para isso. Este livro é um alerta».
Ao lançar Quando o Google encontrou o Wikileaks ele alertou: »Ninguém quer admitir que o Google se transformou num monstro. Mas foi o que aconteceu».
Em uma entrevista, o ex-presidente do Equador, que também é publicado pela Boitempo, diz que »retirar a cidadania e o asilo de Julian Assange na embaixada em Londres é ilegal e humilhante para o país». Além disso, Rafael Correa defende que se trata de uma vingança pessoal do atual presidente Lenin Moreno, já que um dos vazamentos do Wikileaks apontou para indícios de corrupção da família presidencial.
O certo é que no dia seguinte à prisão de Assange o atual governo do Equador foi agraciado pelo FMI com um empréstimo bilionário que necessitava com urgência.
E mais o depoimento do professor e economista português Boaventura dos Santos sobre a prisão do jornalista australiano.
*Com informações da Boitempo
Fotoarte: Julian Assange logo após ser preso em Londres. 11 abr. 2019 (Reuters/Hannah McKay)
Vídeo:
[Urgente] A prisão de Julian Assange, por Boaventura de Sousa Santos
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