Brasil. Mídia ignorou confissão de Traira
O jornalista Ricardo Kotscho lembrou que nesta segunda-feira, 17, completa-se um ano que a Câmara Federal autorizou a abertura do pedido de impeachment sem crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff.
«Pois só agora, com o país mergulhado na maior crise política, econômica e moral da sua história, com 415 políticos de 26 partidos citados na mega-delação do propinoduto da Odebrecht, ficamos sabendo oficialmente o que de fato aconteceu naqueles dias que antecederam a votação na Câmara. E quem contou foi o próprio presidente Michel Temer, em entrevista à TV Bandeirantes, levada ao ar na noite de sábado», diz Kotscho (assista aqui à entrevista de Temer).
Kotscho lembra que a confissão de Temer sobre a vingança de Cunha não mereceram quase nenhuma repercussão na imprensa, mas servirão de base para o ex-ministro José Eduardo Cardoso, advogado de Dilma, entrar nesta segunda-feira com uma petição ao STF para contestar a legalidade do impeachment.
«Nas voltas que a vida dá, a semana começa com Eduardo Cunha preso em Curitiba e já condenado a 15 anos de prisão, enquanto Dilma Rousseff continua fazendo palestras pelo mundo para denunciar o ‘golpe parlamentar’ que teria acontecido no Brasil e Michel Temer às voltas com oito ministros investigados pela Lava Jato na Lista de Janot/Fachin. Entre eles, está Bruno Araújo (PSDB-PE), atual ministro das Cidades, autor do voto decisivo dos 367 ‘sim’ a favor do impeachment, que selaram o destino de Dilma. Conhecido pelo codinome ‘Jujuba’ na planilha da Odebrecht, ele foi acusado de receber R$ 600 mil para defender interesses da empreiteira», diz Kotscho
https://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/290706/Kotscho-m%C3%ADdia-ignorou-confiss%C3%A3o-de-Temer.htm
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Um ano depois, Temer confirma vingança de Cunha [Vídeo]
Fez um ano, dia 17.
Foi em nome do combate à corrupção _ lembram-se? _ que a Câmara, sob o comando de Eduardo Cunha, autorizou a abertura do processo de impeachment contra a então presidente Dilma Rousseff, na noite de 17 de abril de 2016, um domingo.
Ao final do processo, a presidente foi definitivamente afastada e o vice Michel Temer assumiu o cargo. O resto é passado.
Pois só agora, com o país mergulhado na maior crise política, econômica e moral da sua história, com 415 políticos de 26 partidos citados na mega-delação do propinoduto da Odebrecht, ficamos sabendo oficialmente o que de fato aconteceu naqueles dias que antecederam a votação na Câmara.
E quem contou foi o próprio presidente Michel Temer, em entrevista à TV Bandeirantes, levada ao ar na noite de sábado:
«Em uma ocasião, Eduardo Cunha foi me procurar. Ele me disse: `Vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente porque prometeram-me os três votos do PT no Conselho de Ética´. Eu disse que era muito bom, porque assim acabava com essa história de que ele estava na oposição (…).
Naquele dia, eu disse a Dilma: `Presidente, pode ficar tranquila, o Eduardo Cunha me disse que vai arquivar todos os processos de impedimento´. Ela ficou muito contente e foi bem tranquila para a reunião.
No dia seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que a presidente do PT e os três membros do partido se insurgiam contra aquela fala e votariam contra Cunha no Conselho de Ética. Mais tarde, ele me ligou e disse: `Tudo aquilo que eu disse, não vale, vou chamar a imprensa e vou dar início ao processo de impedimento.
Que coisa curiosa. Se o PT tivesse votado nele naquele comitê de ética, seria muito provável que a senhora presidente continuasse».
As declarações de Temer sobre a vingança de Cunha não mereceram quase nenhuma repercussão na imprensa, mas servirão de base para o ex-ministro José Eduardo Cardoso, advogado de Dilma, entrar nesta segunda-feira com uma petição ao STF para contestar a legalidade do impeachment.
Nas voltas que a vida dá, a semana começa com Eduardo Cunha preso em Curitiba e já condenado a 15 anos de prisão, enquanto Dilma Rousseff continua fazendo palestras pelo mundo para denunciar o «golpe parlamentar» que teria acontecido no Brasil e Michel Temer às voltas com oito ministros investigados pela Lava Jato na Lista de Janot/Fachin.
Entre eles, está Bruno Araújo (PSDB-PE), atual ministro das Cidades, autor do voto decisivo dos 367 «sim» a favor do impeachment, que selaram o destino de Dilma. Conhecido pelo codinome «Jujuba» na planilha da Odebrecht, ele foi acusado de receber R$ 600 mil para defender interesses da empreiteira.
Vida que segue.
Em tempo (atualizado às 11h50):
Faltou uma frase na reprodução que fiz das declarações de Michel Temer sobre o impeachment:
«E quando eu conto isso, eu conto para revelar, primeiro, que ele não fez o impedimento por minha causa. E, segundo, que eu não militei para derrubar a presidente».
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http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/um-ano-depois-temer-confirma-vinganca-de-cunha/2017/04/17/
Foto: Deputado Bruno Araújo (de paletó aberto e braço erguido) dá o voto final para a abertura do processo de impeachment, em 2016 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)