Brasil. Agora ‘Haddad é Brasil’
O governador reeleito do Ceará Camilo Santana (PT), defendeu que seu partido faça uma autocrítica e mude a direção da campanha no segundo turno. Camilo acha que a campanha deve se concentrar menos no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais na pessoa e no histórico do candidato Fernando Haddad.
Em entrevista ao portal UOL, Camilo Santana falou sobre «os desafios para os próximos quatro anos à frente do governo, a surpresa de não ver o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), reeleito e de como o PT deve se posicionar nas próximas semanas na disputa pelo Palácio do Planalto».
Sobre sua vitória no primeiro turno, ele diz: «acredito que foi o reconhecimento da população, tanto que uma das coisas que mais gosto de avaliar nas pesquisas internas nossas é a avaliação do governo. Se as pessoas estão gostando, aprovando ou não.
Tivemos um período difícil com a crise econômica, política, a crise da seca no Ceará, mas foi um governo que deu muitas respostas à população. O governo que investiu mais no Brasil foi o Ceará. Um governo bem equilibrado, com seus salários em dia, com concursos públicos, com investimentos em novas escolas, novas estradas.
Foi o estado que mais gerou emprego nos últimos 12 meses no Nordeste. Mesmo com o problema da segurança, eu media muito isso, a população sabe que não é um problema só local, é nacional, mas enxergava o governo trabalhando. Também não enxergou nos outros candidatos algo que pudesse apresentar um novo caminho para o Ceará. A minha responsabilidade aumenta ainda mais diante desse resultado».
Camilo ainda comenta a não reeleição de Eunício Oliveira: «eu ainda estou tentando hoje entender o que aconteceu, porque, para mim, foi uma surpresa. Todas as pesquisas apontavam que ele iria se eleger. Claro que teve uma coisa muito forte para o Nordeste, que foi a questão dos golpistas [defensores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do PT], né? Houve uma reação. Teve esse efeito, mas a margem da vantagem do Eunício era tão grande que não acreditava em nenhum risco. Para mim foi uma surpresa que ainda merece um certo estudo. Uma análise para detectar o motivo real.
E aponta uma possível aliança programática entre Haddad e o PDT de Ciro e Lupi: «acho que não deve ser só o PDT não. Deve ser o PT, PDT, PSDB. Chamar os partidos todos. Progressistas, de centro-esquerda, de centro-direita para buscar uma chance para o Brasil.
Não tenho nem dúvida de que o perfil é o Haddad. Pessoa de perfil de diálogo, tranquila, professor, foi ministro da Educação, prefeito. Tem todo um perfil de aglutinar. E tem que estar acima do PT. Tem de fazer um gesto que é a hora de unir várias forças, tendências, correntes no Brasil. Não retroceder, mas corrigir distorções, erros e superar.
Dar essa sinalização. Há um tensionamento muito forte no Brasil nesse momento. O Brasil não aguenta ficar mais quatro anos nessa situação que está aí não. Precisamos virar a página e não tenho dúvida de que o caminho é com o Haddad.
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