Brasil. Acabou o bloqueio imposto pelo Poder Judiciário
A entrevista de Lula à Folha e ao El País foi um ROMBO na censura no Brasil
A jornalista Mônica Bergamo, que nesta sexta-feira (26) furou o bloqueio imposto pelo poder judiciário e, ao lado de Florestan Fernandes Jr., fez a primeira entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que foi preso sem provas em abril de 2018, celebrou e, ao mesmo tempo, desabafou em um forte tweet neste sábado (27) contra a censura no país.
«A entrevista de Lula à Folha e ao El País foi um ROMBO na censura no Brasil, censura de todos os tipos e não apenas do Estado. Elogiada ou criticada, segue nos assuntos mais comentados do dia aqui no Twitter.», escreveu Mônica Bergamo.
As entrevistas de Lula foram barradas em caráter liminar em setembro do ano passado pelo ministro Luiz Fux, que suspendeu uma autorização que havia sido concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski. O presidente do Supremo, Dias Toffoli, manteve a liminar, proibindo a entrevista.
Na quinta-feira (18), o El País publicou artigo dos jornalistas Florestan Fernandes Júnior e Carla Jiménez em que cobravam a liberação do STF para a entrevista. Os jornalistas lembraram que em meio a este consenso em torno da liberdade jornalística, por conta da decisão do ministro Alexandre de Moraes, em parceria com Toffoli, de mandar tirar do ar reportagem da revista Crusoé, do site O Antagonista.
«Por duas vezes, em setembro e outubro do ano passado, esse direito foi conferido em despacho do ministro do STF Ricardo Lewandowski. E, por duas vezes, foi negado pelos também ministros do STF Luiz Fux e Antonio Dias Toffoli. Os dois alegaram, na época, que a entrevista de Lula poderia confundir o processo eleitoral, levando eleitores pouco atentos a acreditar que Lula seria candidato», escreveram.
A decisão de liberar a entrevista de Mônica Bergamo e Florestan Fernandes Jr. foi tomada pouco tempo depois do recuo do ministro Alexandre de Moraes sobre a censura ao Antagonista. «Comprovou-se que o documento sigiloso citado realmente existe, apesar de não corresponder à verdade o fato que teria sido enviado anteriormente à PGR para investigação», anotou o ministro ao revogar sua decisão.
A entrevista de Lula à Folha e ao El País foi um ROMBO na censura no Brasil, censura de todos os tipos e não apenas do Estado. Elogiada ou criticada, segue nos assuntos mais comentados do dia aqui no Twitter.
Abaixo, a íntegra:https://t.co/ij42Pj56a7— Mônica Bergamo (@monicabergamo) April 27, 2019
A entrevista de Lula à Folha e ao El País foi um ROMBO na censura no Brasil, censura de todos os tipos e não apenas do Estado. Elogiada ou criticada, segue nos assuntos mais comentados do dia aqui no Twitter.
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Que os juízes não tenham medo da mídia
Preso político há mais de um ano, na visão dos maiores juristas e intelectuais do Brasil e do mundo, o ex-presidente Lula disse ainda acreditar na sua absolvição e cobrou uma postura mais digna dos integrantes do Poder Judiciário.
«Eu penso que haverá um dia em que as pessoas que irão me julgar estarão preocupadas com os autos do processo, com as provas, e não com a manchete do Jornal Nacional, com a capa das revistas, com fake news.», afirmou
O ex-presidente Lula disse ainda acreditar na sua absolvição, mesmo estando na condição de preso político há mais de um ano, como apontam os maiores juristas do Brasil e do mundo.
«Por incrível que pareça, eu acredito. Eu ainda continuo com a cabeça de Lulinha paz e amor. Eu acredito na construção de um mundo melhor, de um mundo de Justiça», disse ele, aos jornalistas Florestan Fernandes Júnior e Mônica Bergamo.
«Eu penso que haverá um dia em que as pessoas que irão me julgar estarão preocupadas com os autos do processo, com as provas, e não com a manchete do Jornal Nacional, com a capa das revistas, com fake news», afirmou.
«As pessoas se comportarão como juízes supremos, de uma corte que já tomou decisões muito importantes. Ora, no meu caso a única coisa que eu quero é que votem com relação aos autos do processo. Eu não peço favor de ninguém, eu não quero favor de ninguém. Eu só quero que as pessoas, pelo amor de Deus, julguem em função das provas.»
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