Brasil. «Aécio está com medo»
Michel Temer, Renan e Aécio: medo?
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), citado por cinco delatores diferentes da Operação Lava Jato, é mencionado em um novo áudio vazado que tem como personagens o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, os áudios mostram Renan e Machado conversando sobre a crise política e possíveis saídas para ela. Em determinado ponto da análise, afirma que toda a classe política está com um «aperto nos ombros» e Renan responde dizendo estarem todos com medo.
O senador emenda citando Aécio, presidente do PSDB e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014, que estaria «com medo» da delação do senador cassado Delcídio do Amaral, ex-líder do governo Dilma Rousseff, e teria pedido a ele para buscar mais informações sobre o acordo.
MACHADO – E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN – E tudo com medo.
MACHADO – Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN – Aécio está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.’
MACHADO – Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
Em sua delação, Delcídio cita dois casos envolvendo Aécio Neves. No primeiro, ele afirma que o tucano recebeu propina em um esquema de corrupção em Furnas, subsidiária da Eletrobras.
No segundo, Delcídio afirma que, na época em que presidiu a CPMI dos Correios, que investigou o «mensalão», um emissário do tucano lhe pediu que o prazo de entrega da quebra dos sigilos do Banco Rural fosse ampliado, a fim de “maquiar os dados”.
“A maquiagem consistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam Aécio Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério ‘e companhia’”, diz a delação. Delcídio afirma, ainda, que a estratégia se devia ao fato de que “a gênese do mensalão teria ocorrido em Minas”.
Na segunda-feira 23, a mesma Folha de S.Paulo revelou gravações entre Sergio Machado e Romero Jucá (PMDB-RR) que acabaram derrubando o ministro do Planejamento de Michel Temer. Nos áudios, Machado, que foi líder do PSDB no Senado antes de deixar a política, afirma que «Aécio não tem condição» de ganhar uma eleição e pergunta: «Quem não conhece o esquema do Aécio?«.
Sergio Machado, um dos primeiros alvos da Lava Jato, fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato e os termos, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, foram homologados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator da Lava Jato na corte.
Renan pede desculpas a Aécio
De acordo a Folha, em resposta ao jornal, Renan Calheiros enviou uma nota afirmando que todas as opiniões manifestadas na conversa com Sergio Machado já eram públicas. Em relação a Aécio, no entanto, Renan «se desculpa porque se expressou inadequadamente». O presidente do Senado, diz a nota, «se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral.»
A Executiva Nacional do PSDB disse ao jornal que vai «acionar na Justiça» o ex-presidente da Transpetro. Para o PSDB, é «inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada».
«Fica cada vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem gravados e divulgados», diz o partido
PS do colaborador:
Fotoarte:“O sofá dos golpistas”